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Sacramento da Confirmação

A Crisma é o sacramento no qual confirmamos livremente o desejo de seguir a Cristo. Para tal, é preciso estar preparado para o novo e grandioso passo a ser dado.


Diz o Catecismo da Igreja Católica :


1309 . – A preparação para a Confirmação deve ter por fim conduzir o cristão a uma união mais íntima com Cristo e a uma familiaridade mais viva com o Espírito Santo, com a sua ação, os seus dons e o seus apelos, para melhor assumir as responsabilidades apostólicas da vida cristã. Deste modo, a catequese da Confirmação deve esforçar-se por despertar o sentido da pertença à Igreja de Jesus Cristo, tanto à Igreja Universal como à Comunidade Paroquial. Esta última tem uma responsabilidade particular na preparação dos confirmandos/crismandos.


Depois de tudo o que já foi dito sobre a Confirmação, impõe-se que se faça uma boa preparação para a receber.


Parece que esta preparação deveria vir em primeiro lugar, mas o Catecismo da Igreja Católica também a apresenta no fim de tudo, porque, não é possível fazer uma boa preparação se as pessoas não têm uma noção clara do que se exige para a receber.

Assim, a primeira condição, a condição base para se receber a Confirmação é saber que é um sacramento de vivos, isto é, um sacramento que se deve receber em estado de graça.

Se for recebida em estado de pecado grave, o sacramento fica válido, mas não se recebe a respectiva graça sacramental e comete-se um pecado grave de sacrilégio.

Só depois de perdoado esse pecado, a graça sacramental atua.


Embora o caráter sacramental seja sempre recebido quando a Confirmação é administrada, muitos dos outros frutos serão concedidos na medida das disposições do candidato.

Assim, o candidato deve orar com fervor ao Espírito Santo e à nossa Bem-aventurada Mãe, de modo a que possam receber mais frutos deste sacramento.


Assim está escrito nos Atos dos Apóstolos, depois da Ascensão, enquanto esperavam a vinda do Espírito Santo :


- E todos unidos pelo mesmo sentimento, entregavam-se assiduamente à oração, em companhia de algumas mulheres, entre as quais Maria, mãe de Jesus e de Seus irmãos”. (Atos1,14).


No dia do Batismo, Pais e Padrinhos, numa representação mais próxima da Comunidade, responsabilizaram-se pela fé da criança que ainda não o podia fazer, mas que devia ser batizada para se tornar filha adotiva de Deus, com todos os seus direitos, deixando assim de ser apenas uma simples “criatura” de Deus para se tornar filha adotiva.


Mas, para a Confirmação, que se recebe normalmente com uma idade de cerca de 12 anos, já se atingiu o uso da razão e já se pode compreender mais claramente o que significa tomar um compromisso, ser um testemunho, prestar um serviço, sentir um amor mais profundo e então, a Confirmação será uma realidade mais profunda no caminho da fé.


Mas tudo isto supõe uma já longa caminhada feita através da Catequese Paroquial em que se foram aprendendo os básicos da fé e onde se fez uma caminhada na prática dos sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia, com a vivência do Sacrifício da Missa, pelo menos ao ritmo semanal dos domingos.


E em toda esta caminhada, que deve ter sido acompanhada pelo exemplo dos Pais e Padrinhos, a Confirmação surge no momento oportuno, em que, pela força do Espírito Santo com todos os seus dons, se toma um compromisso mais sério e se recebe um novo Sacramento que sendo um novo encontro com Cristo, é também um enriquecimento para a Comunidade em geral e, mais particularmente para a Comunidade Paroquial em que estamos inseridos.


Com toda esta riqueza de dons, de conhecimento, de prática de vida cristã e de testemunho de vida, podemos compreender toda a pobreza de quem se apresenta para a Confirmação sem nunca ter frequentado a Catequese Paroquial, sem ter recebido previamente e frequentemente a Reconciliação e a Eucaristia, sem uma prática de Missa dominical, sem os básicos da fé.


Por mais intensa que possa ser aquela preparação prévia (de uns escassos encontros ao longo de um curto espaço de tempo, antes do dia da Confirmação), não dá uma séria garantia daquele testemunho de vida e de serviço a que se fica comprometido pelo Sacramento da Confirmação.


Diz-nos a prática que, para essa gente, a Confirmação não passa de um ato vazio, um tanto supersticioso, que não significa nada para a vida a partir desse dia.


Muitos desses que assim procedem, raramente voltam à prática religiosa e à frequência dos Sacramentos, exatamente porque é nessa idade que começa a adolescência com o despertar dos sentidos para um modo novo cheio de aliciantes, difíceis de controlar, a que até e sobretudo os Pais, ou não dão cobro ou facilitam e estimulam.


Assim, a Igreja tem que se pôr a si mesma uma profunda reflexão :


- Se não houve uma intensa e profunda preparação ao longo de uma Catequese e de um testemunho de fé e de vida cristã, aceitar as pessoas para a Confirmação é uma opção, ou um risco de profanar um sacramento ?


- Se a Igreja não tem mais organismos ou estruturas ou serviços adequados para receber os jovens depois da sua Confirmação e no período rico de valores mas recheado dos perigos da adolescência, vale a pena aceitar para a Confirmação alguém que não dê garantias de um testemunho de vida cristã ?


É a Igreja que tem que responder para não incorrer no grave perigo ou risco ou abuso de administrar Sacramentos levianamente, por falta de fé de quem recebe, por falta de uma preparação, algumas vezes por incúria ou indiferença ou desprezo dos seus mais próximos responsáveis.


Assistimos assim a um reino dividido contra si mesmo. A Igreja na sua pregação habitual, fala muito pouco na vida e na responsabilidade a nivel sacramental, por exemplo nas homilias dominicais. Também não dá habitualmente cursos de formação sacramental a longo prazo, limitando-se apenas :


- A umas palestras sobre a Comunhão Pascal, na Quaresma com Celebrações Penitenciais impróprias e mal entendidas, para facilitar confessores e penitentes.


- A umas palestras, feitas por leigos mal preparados, aos Pais e Padrinhos, para o Batismo que depois se realiza com a presença de algumas pessoas que dão aspecto de não saberem o que estão ali a fazer.


- A umas palestras para a Confirmação, nuns breves encontros de preparação por pessoas que também pouco ou nada sabem deste Sacramento.


- A uns encontros preparatórios para o Casamento, numa altura em que, para a grande maioria dos nubentes já houve sexo pré-matrimonial ou de “experiência” e em que, portanto, não têm o mínimo de disposições para receberem a riqueza e a profundidade de um encontro com Cristo que o Sacramento significa.


A Igreja, com todas as facilidades e meios de que hoje dispõe, estará a fazer uma verdadeira e séria evangelização ?


Uma reflexão que vem muito a propósito fazer, ao falar da Confirmação, porventura o Sacramento mais desconhecido do grande público e em que os que o recebem se deviam tornar os verdadeiros soldados de Cristo, por todos os meios, especialmente, pelo seu testemunho de vida.




John Nascimento

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