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Epifania do Senhor, ANO C

É de aconselhar que se leia primeiro toda a Liturgia da Palavra.

'todos os povos virão adorá-Lo'

A Liturgia da Palavra da festa da Epifania do Senhor, comum aos três Ciclos, A, B e C, que a Igreja celebra no domingo entre 2 e 8 de Janeiro, quer-nos dizer que«Na Igreja, Cristo revela-Se a todos os Povos».

Na verdade, o significado da palavra Epifania é exactamente Manifestação, Aparição. Portanto a Epifania revela :

1) O aspecto glorioso e divino do mistério natalício, que será plenamente revelado na Manifestação final do Senhor, termo e meta da História humana.

2) O carácter «universal» da mensagem evangélica :

• Também os pagãos são chamados à salvação.


• Também para eles Cristo não é apenas o Messias do Antigo Testamento, ligado às esperanças duma nação, raça, e religião, mas o Messias vindo para todos os homens que, de uma maneira ou de outra, todos esperam.

3) A missão da Igreja no nosso tempo, que consiste em ser, como «colectividade», e em cada cristão, uma «Manifestação» autêntica de Cristo, de modo que todos reconheçam no testemunho da Igreja o testemunho perene do Evangelho de Cristo. A 1ª Leitura, do Livro do profeta Isaías, diz-nos que, como uma cidade, construída sobre um monte, atrai o olhar de todos, ao ser iluminada pelo sol nascente, assim Jerusalém, iluminada pelo Nascimento de Jesus, atrai a si todos os povos, mergulhados na noite do pecado.

- “Ergue-te Jerusalém, e sê iluminada, que a tua luz desponta, e a glória do Senhor está sobre ti, enquanto a escuridão envolve a Terra, e trevas densas cobrem as nações”.(1ª Leitura).

Será, porém, na Igreja, nova Jerusalém, que Deus reunirá todos os homens, para lhes dar a salvação. Será n’Ela que se constituirá, definitivamente, a comunidade dos povos. «A luz dos povos é Cristo...Mas a Sua luz resplandece no rosto da Sua Igreja».(LG 1). Ela é, na verdade, o sinal e o instrumento de união com Deus e de unidade de todo o género humano, como proclama o Salmo Responsorial :- “Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra”.

Na 2ª Leitura S. Paulo diz ao Efésios e hoje também a cada um de nós, que o universalismo de Isaías era um pouco limitado; os estrangeiros não estavam em posição de igualdade com os filhos de Israel. São Paulo, descrevendo o plano salvífico de Deus, proclama que todos os homens são chamados, igualmente, a ser herdeiros da promessa.

- “Os gentios recebem a mesma herança que os judeus, pertencem ao mesmo Corpo e beneficiam da mesma Promessa em Cristo Jesus, por meio do Evangelho”.(2ª Leitura). Como consequência deste chamamento universal para a Fé, toda a separação e toda a discriminação, introduzidas na humanidade por culturas e civilizações, desaparecem. Todos são chamados a formar o verdadeiro Israel e a construir um só Corpo – o Corpo Místico de Cristo – restabelecendo-se assim o plano primitivo de Deus acerca da humanidade, que era um projecto de unidade e de amor.

O Evangelho de S. Mateus, coloca à nossa reflexão, toda a história dos reis Magos com a sua estrela e os seus presentes, em gesto de uma adoração e Manifestação da realeza do Messias, agora nascido como rei, sacerdote e profeta.

- “Depois abriram os seus tesoiros e ofereceram-Lhe presentes : oiro, incenso e mirra”.(Evangelho).

Sublinhando, de modo expressivo, a universalidade da mensagem cristã, dirigida a todos os homens, mesmo os que viviam fora da Geografia da Salvação, o evangelista mostra como na visita dos Magos se realizam as profecias do Antigo Testamento.

Todo o discurso sobre a “Unidade”, em qualquer tempo, corre facilmente o risco de ser mal compreendido. Frequentemente se entende por unidade uma conformidade monótoma, a anulação de todas as diferenças individuais, um total nivelamente.

Inaugura-se assim um sistema de simples rótulos e simples exclusão. Quem não se adapta à medida geral é rotulado como extremista, reacionário ou herege. No entanto, a diversidade e a variedade dos caracteres das nações são a riqueza da humanidade.

Também o facto de ser a Igreja una e universal não impede que possam coexistir no seu seio “diversos modos” de viver a única fé. Durante muito tempo esteve a Igreja ligada ao mundo cultural ocidental e ao homem branco, a ponto de se reduzir o cristianismo a imagens e categorias mentais tipicamente europeias; mas a Igreja de Cristo não pode ser branca, negra ou amarela, como não pode ser proletária, burguesa ou capitalista; as suas portas estão abertas a todos.

O cristão autênctico não pode refutar aprioristicamnte a novidade ou a originalidade por si mesmas, mas deve antes verifcar se não são elas apenas uma nova dimensão da fé no único Cristo. Muitas experiências actuais, que às vezes escandalizam os defensores da uniformidade (não da unidade), são o sinal do vigor da vida da Igreja.

Cristo dá-nos o sentido de tudo : Ama a Deus com todo o teu coração; amai-vos como Eu vos amei. Aqui encontramos o sentido e a direcção : essa é a estrela que devemos seguir para atingir o nosso antêntico e único centro da unidade.

Não deixa também de impressionar, em contraste com o orgulho e cegueira de Herodes e dos sábios de Israel, a boa vontade dos Magos, que, atentos aos sinais dos Tempos, se dispõem a correr a aventura da Fé, aventura que deve ser de todos os cristãos como condição de cumprimento do plano da História da Salvação.

Colaboração de John Nascimento* este texto tem grafia do Português de Portugal Sobre a Epifania, diz o Catecismo da Igreja Católica : 528. – A Epifania é a manifestação de Jesus como Messias de Israel, Filho de Deus e salvador do mundo. Com o baptismo de Jesus no Jordão e as Bodas de Caná, a Epifania celebra a adoração de Jesus pelos «magos» vindos do Oriente. (Mt.2,1). Nestes «magos», representantes das religiões pagãs circunvizinhas, o Evangelho vê as primícias das nações, que acolhem a Boa Nova da salvação pela Encarnação. A vinda dos Magos a Jerusalém, para «adorar o rei dos judeus»(Mt.2,2), mostra que eles procuram em Israel, à luz messiânica da estrela de David, Aquele que será o rei das nações. A sua vinda significa que os pagãos não podem descobrir Jesus e adorá-l’O como Filho de Deus e Salvador do mundo, senão voltando-se para os Judeus e recebendo deles a sua promessa messiânica, tal qual está escondida no Antigo Testamento. A Epifania manifesta que «a plenitude dos pagãos entra na família dos patriarcas»(S.Leão Magno, Sermo. 3 in Ephiphania Domini LH), e adquire a «israelitica dignitas»(Liturgia da Epifania).

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