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Solenidade da Ascensão do Senhor, C

7º Domingo da Oitava de Páscoa.


A Liturgia da Palavra da Solenidade da Ascensão do Senhor, nos três Ciclos A,B e C, é um convite para reflectirmos no Destino do Homem Novo. Completando a obra de reconciliação dos homens com Deus, Jesus começa uma vida nova, junto do Pai.


A Sua peregrinação pela Terra atingiu assim o seu termo de triunfo e de glória. Com efeito, Aquele que no «madeiro da Cruz», entrega a Sua vida nas mãos do Pai, para a retomar na Ressurreição, entra agora na glória definitiva.


A Ascensão é, portanto, a exaltação suprema de Jesus, a Sua glorificação plena pelo Pai, constituído Senhor e centro da História do Mundo. Como celebração do triunfo e da vitória de Cristo, a Ascensão celebra, ao mesmo tempo, o triunfo da humanidade que, unida ao sofrimento de Cristo, será também unida à Sua glória. As duas primeiras Leituras são comuns aos três Ciclos, sendo apenas o Evangelho diferente para cada Ciclo.


Na 1ª Leitura, dos Actos dos Apóstolos, Jesus anuncia que vai enviar o Espírito Santo, no qual os discípulos serão baptizados.


- «Mas quando o Espírito Santo vier sobre vós, recebereis uma força e sereis Minhas testemunhas em Jerusalém».(1ª Leitura).

A Ascensão inaugura o tempo da Igreja, na qual, de futuro, o céu e a terra se vão encontrar. Na Igreja, embora não vejamos Jesus, fisicamente, temos a possibilidade de viver de Cristo e com Cristo.


Na Igreja de hoje, pelos Seus Apóstolos, testemunhas da Ressurreição, anunciadores do perdão e portadores da força do Espírito, Jesus continua a Sua Obra de Salvação. A Igreja aclama a obra de Deus como canta o Salmo Responsorial :


- “Deus sobe por entre aclamações, o Senhor, ao som de trombetas”.

Na 2ª Leitura, S. Paulo diz aos Efésios, e hoje também a cada um de nós, que Jesus, com a Sua Ascensão, foi plenamente glorificado pelo Pai, que O fez sentar a Sua direita, Lhe deu todo o poder e O constituiu chefe do Novo Povo de Deus e Senhor de todo o Universo.


- “Assim o mostra a eficácia da poderosa força que exerceu em Cristo, ao ressuscitá-l’O dos mortos e ao sentá-l’O à Sua direita, lá nos Céus(...). Pô-l’O acima de todas as coisas como Cabeça da Igreja”.(2ª Leitura).

É d’Ele que jorra, continuamente, sobre o imenso Corpo que é a Igreja, a Vida Nova, recebida no Baptismo, para desabrochar, em toda a sua força e beleza no Céu.


O Evangelho é de S. Lucas e diz-nos que a glorificação de Jesus começou na manhã de Páscoa quando, triunfando do pecado e da morte, nos alcançou a vida plena. Porém, a subida de Jesus ao Céu, descrita de modo humano, de harmonia com a concepção antiga do universo, é a posse definitiva e total da glória, que já Lhe pertence pela Paixão e Ressurreição.


- «Está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia, e que, em nome d’Ele, se havia de pregar a todas as nações, a começar por Jerusalém, o arrependimento e o perdão dos pecados». (Evangelho).

A glorificação de Jesus é também a glorificação da humanidade. Com efeito, pelo perdão dos pecados, prometido a todos os povos, nós participamos da vida do Ressuscitado, tornamo-nos membros do Seu Corpo Místico, destinados à mesma glória da Cabeça.


Para Jesus, o céu é a participação plena na vida de Deus, de um homem verdadeiro, possuindo a mesma matéria e a mesma história de todos nós; uma relação nova entre o Criador e a criatura numa total transparência, livre dos limites e das dificuldades da condição terrena. Para nós será assim um dia (exceptuando o carácter único da relação entre o Pai e o Filho), quando se manifestar abertamente aquilo que já somos ; quando, pelo conhecimento e o amor, o corpo não for mais obstáculo, mas perfeito meio de comunicação.


Um céu assim não é simplesmente a “recompensa” de uma vida justa e boa, segundo o que nos diz S. Paulo :


- “Tenho como coisa certa que os sofrimentos do tempo presente, não se comparam com a glória que se há-de revelar em nós”.(Rom.8,18). Nem é tampouco um narcótico para pessoas passivas e resignadas, um álibi para o compromisso de trabahar neste mundo pela realização (ainda que imperfeita), daqueles valores de liberdade, de justiça, de paz, de fraternidade, de comunhão, de vida, de amor e de alegria que constituem a bem-aventurança do homem completo segundo o plano de Deus.

Uma comunidade dos que creem e caminham nesta direcção – isto é, aberta ao mundo, ao serviço de todos – torna-se a testemunha da nova humanidade realizada em Jesus Cristo. Reconfortados por esta certeza, fortificados pelo Espírito Santo, daremos a nossa colaboração para que a obra de Cristo atinja todos os homens.


Só nas promessas de Deus no Proto-Evangelho do Antigo Testamento, e da Palavra de Cristo no Novo Testamento, assenta a garantia do cumprimento do plano da História da Salvação.

Diz o Catecismo d Igreja Católica sobre a subida de Jesus ao Céu :

659. - «Então, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi levado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus»(Mt.16,19). A humanidade de Cristo foi glorificada desde o momento da Sua Ressurreição, como o provam as propriedades novas e sobrenaturais de que, a partir de então, o Seu Corpo goza permanentemente. Mas, durante os quarenta dias em que vai comer e beber familiarmente com os discípulos e instruí-los sobre o Reino, a Sua glória fica ainda velada sob as aparências duma humanidade normal. A última aparição de Jesus termina pela entrada irreversível da Sua humanidade na glória divina, simbolizada pela nuvem e pelo Céu, onde a partir de então, está sentado à direita de Deus. Só de modo absolutamente excepcional e único é que Se mostrará a Paulo, «como que a um aborto»(1 Cor.15,8), numa última aparição que o constitui Apóstolo.


John Nascimento

Este texto apresenta grafia de Portugal.

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