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6º Domingo do Tempo Comum, Ano C

Atualizado: 7 de jun. de 2019

É de aconselhar que se leia primeiro toda a Liturgia da Palavra.


'Se queres entrar na vida, guarda os Mandamentos'

A Liturgia da Palavra deste 6º Domingo Comum – C, é o princípio de um anúncio que transforma o mundo, com o Sermão da Montanha ou as Bem-aventuranças, em que é apresentada uma nova lei, a da Vida Moral do Cristão.


As Bem-Aventuranças não são Lei, mas Evangelho. A Lei abandona o homem às próprias forças e incita-o a adaptar-se a ela até ao extremo.


O Evangelho, ao contrário, põe o homem diante do dom de Deus e incita-o a fazer desse inefável dom, o fundamento da sua vida. A Igreja interpreta a Lei de Deus e ensina-nos a cumpri-la, ao longo do Ano Litúrgico em três Ciclos A, B, e C.


Devemos conhecer e pôr em prática os Preceitos da Igreja, na certeza de que estamos simultaneamente em união com Deus e em união com todos os nossos irmãos.


- «Se queres entrar na vida, guarda os Mandamentos».


Cristo tornou-se obediente à Vontade do Pai, em total fidelidade à Sua missão do serviço dos homens, que vai continuando através da Igreja que Ele fundou.


A 1ª Leitura, do Livro do profeta Jeremias, diz-nos que, uma vez que Deus intervém pessoalmente na História da Salvação e faz com o Seu Povo uma Aliança, não deixará de lhe dispensar as graças necessárias para a realização do seu destino, que Ele deseja aberto só à felicidade.


Deve, por isso, o Povo de Deus pôr toda a sua confiança no Senhor, cumprindo as responsabilidades assumidas, ao aceitar a Aliança.


- «Maldito aquele que põe no homem a sua confiança (...)Feliz de quem confia no Senhor e põe no Senhor a sua esperança.(1ª Leitura).


Dois caminhos estão, portanto, abertos diante do Povo :

• O da felicidade, se confiar em Deus e observar a Aliança;

• O da maldição se vier a afastar-se da Lei, expressão da vontade do Senhor.


O primeiro caminho é proclamado pelo Salmo Responsorial :


- “Feliz o homem que põe a sua esperança no Senhor”.


Na 2ª Leitura, S. Paulo observa que os Coríntios não duvidam da Ressurreição do Senhor. Contudo, influenciados pelas ideias dos saduceus e dos filósofos gregos, que não acreditavam na imortalidade da alma e na sobrevivência dos espíritos, negavam a ressurreição dos corpos. Então, diz-lhes a eles, e hoje também aos mais incrédulos :


- “Se Cristo ressuscitou dos mortos, como se proclama, porque dizem alguns no meio de vós que não há ressurreição dos mortos? Se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé e ainda estais nos vossos pecados”.(2ª Leitura).


Nesta questão de tão grande importância, S. Paulo estabelece firmemente a verdade : a ressurreição dos mortos é a consequência da nossa incorporação em Cristo, morto pelos nossos pecados, mas ressuscitado para a glória. Cristo, na Sua Ressurreição é a «causa exemplar, a causa eficiente e instrumental da nossa própria ressurreição.


O Evangelho é de S. Lucas e apresenta-nos o Sermão da Montanha com as Bem-aventuranças, a «Carta Magna» da nova humanidade, nascida da Morte e Ressurreição de Cristo, e a expressão mais profunda de que o cristão põe a sua confiança em Deus e não na «carne».


- “Felizes sereis quando os homens vos odiarem(...) Alegrai-vos e exultai nesse dia, pois é grande no Céu a vossa recompensa”. (Evangelho).


O homem quer viver dentro da lógica da ressurreição final, sabendo que o seu polo de atracção não é a Terra, e que a sua fonte de energia não está no meio dos homens, mas sim no Espírito de Deus.


Numa civilização de consumo, como a nossa, em que o dinheiro é o ídolo ao qual se sacrfica o homem com todos os seus valores, num mundo superindustrializado e super seguro, em que não há mais lugar para a liberdade autêntica, só o “homem das bem-aventuranças”, o homrm livre das coisas, pode fazer redescobrir a verdadeira face do homem.


Jesus louva os pobres que vivem ao mesmo tempo em dois mundos, o presente e o escatológico; ameaça os ricos que vivem num só muno, o mundo que escravisa quase inevitavelmente aquele que leva uma vida cómoda. O rico já está tão satisfeito com o que possui, que não consegue entrar no mais íntimo do seu próprio ser e é nisso que consiste a sua condenação na linguagem de Jesus.


O pobre, entretanto, só possui a solidão, mas vive-a com uma coragem que o leva ao íntimo do do seu ser, onde se encontra com um mundo novo.


Assim solitário, ele já partilha das vitórias e revela a proximidade desse novo mundo que caminha com dificuladade, através de sucessos e fracassos, vitórias e traições.

Ser pobre ou ser rico, pode não depender de nós como pode depender de muitas situaçõs da vida, mas aceitar ou não o pensamento e a doutrina das bem-aventuranças, está ao alcance de todos, porque há pobres que são ricos no seu modo de vida e há ricos que sabem usar dos seus bens em favor dos mais pobres e que por isso vivem também as bem-aventuranças. A Mensagem das Bem-Aventuranças está plenamente no plano da História da Salvação.



Colaboração de John Nascimento

* este texto tem grafia do Português de Portugal



Diz o Catecismo da Igreja Católica :

1717. – As Bem-Aventuranças dão-nos a conhecer o rosto de Jesus Cristo, descrevem-nos a Sua caridade, exprimem a vocação dos fiéis associados à glória da Sua Paixão e Ressurreição, iluminam os actos e atitudes características da vida cristã, são as promessas paradoxais que sustentam a esperança no meio das tribulações, anunciam as bênçãos e recompensas já obscuramente adquiridas para os discípulos; são inauguradas na vida da Virgem Maria e de todos os santos.

1719. – As Bem-Aventuranças descobrem o fim da existência humana, o fim último do actos humanos : Deus chama-nos à Sua própria felicidade. Esta vocação dirige-se a cada um, pessoalmente, mas também ao conjunto da Igreja, povo novo constituído por aqueles que acolheram a promessa e dela vivem na fé.


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