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6º Domingo da Páscoa, C

Atualizado: 7 de jun. de 2019

Quem Me ama porá em prática as Minhas palavras.

A Liturgia da Palavra deste 6º Domingo da Páscoa – C, vem falar-nos na Morada de Deus, isto é, que Deus será tudo em todos e, portanto, não haverá mais templo nenhum, senão o lugar onde Deus estabelece a Sua morada.


Com a intervenção do Homem-Deus há uma mudança radical. Só Ele é capaz de um culto verdadeiro, agradável a Deus, o da obediência espiritual que vai até à morte da cruz.


Na paixão, o seu corpo torna-se num templo em que se oferece o único sacrifício digno deste nome, a única realidade visível e sagrada. Do novo culto “em espírito e em verdade”, Cristo é a vítima e o sacerdote.


Hoje o sacrifício da nova aliança celebra-se na Igreja, corpo de Cristo; é um culto espiritual pelo qual cada um se apresenta a si mesmo em união com Cristo, no Espírito, como hóstia viva e santa, e o povo sacerdotal reunido em assembleia é o único templo visível. Como os primeiros discípulos, temos, portanto, de nos preparar para o Pentecostes, neste tempo litúrgico, de serena e confiante expectativa, a fim de que o Espírito Santo possa fazer da nossa alma a Sua morada permanente e assim Deus seja tudo em todos.


A 1ª Leitura, dos Actos dos Apóstolos, diz-nos que em Jerusalém, no seu primeiro Concílio, a Igreja, assistida do Espírito Santo, reafirma a liberdade que Cristo nos trouxe, ao decidir admitir no seu seio os convertidos do paganismo, sem terem de se sujeitar às prescrições da lei.


- “É que o Espírito Santo e nós resolvemos não vos impor mais nenhum encargo além dos seguintes que são necessários : abster-se das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e das relações imorais”.(1ª Leitura).

Animada pelo Espírito Santo, que inspira as suas decisões e sustenta a sua actividade missionária, a Igreja aparece-nos assim, desde os seus primeiros dias, como uma comunidade sem fronteiras, aberta a todos os homens, de qualquer raça ou cultura, unida no amor e na fidelidade ao Colégio Apostólico, como proclama o Salmo Responsorial :

- “Louvado sejais, Senhor, pelos povos de toda a terra”.


A 2ª leitura é do Apocalipse em que o Apóstolo S. João nos diz que a Igreja é a nova Jerusalém, alicerçada sobre a fé dos Apóstolos, na qual se reunirão, chamados por Cristo Ressuscitado, os homens dos quatro cantos da terra, para viverem em comunhão perfeita com Deus e com os irmãos.


- “Mostrou-me a cidade santa de Jerusalém, que descia do Céu, da presença de Deus, trazendo em si a glória de Deus(...).A muralha da cidade tinha na base doze reforços salientes, e neles doze nomes: os dos doze Apóstolos do Cordeiro”.(2ª Leitura).

S. João contempla-a em todo o seu esplendor e perfeição. Contudo, ela está ainda a caminhar, na humildade e na dor, ao longo dos séculos, na esperança de resplandecer de glória, quando chegar a plenitude dos tempos.


A Nova Jerusalém está ainda em construção e cada um de nós é uma pedra viva desta morada de Deus, pedra trabalhada pelo Espírito Santo, recebido no Baptismo e na Confirmação.


O Evangelho é também de S. João, em que o Apóstolo nos lembra que Jesus, após a Ceia, ao terminar o primeiro discurso de despedida, promete aos Seus discípulos o Espírito Santo, que lhes fará compreender perfeitamente, a Sua mensagem, os ajudará a viver o Evangelho em todas as circunstâncias e os manterá em comunhão com Deus e com os irmãos, de modo a gozarem sempre aquela paz, que em si encerra todos os bens messiânicos.


- “O Espírito Santo, que o Pai vai enviar em Meu nome, é que há-de ensinar-vos tudo e há-de lembrar-vos tudo o que Eu vos disse”. (Evangelho).

O fim do templo é a exterminação definitiva :

- De todo o formalismo religioso.

- De todo o sectarismo.

- De toda a religião reduzida a código de preceitos ; o fim de toda a alienação religiosa, para entrar na autenticidade de uma fé que é comunhão plena e perfeita entre Deus e o homem, entre o homem e o homem, E Cristo é a chave desta comunhão.


O mistério de Cristo é mistério de comunhão. O desígnio de Deus é :

- Estabelecer a paz em Jesus Cristo.

- Levar, em Jesus Cristo, todos os homens ao diálogo e à comunhão com Ele.

- Realizar entre os homens, antes divididos pelo pecado, uma comunhão fraterna, reunindo-os no Corpo Místico de seu Filho.


Os homens do nosso tempo sentem profundamente a exigência deste diálogo, de comunhão e de paz. Sentimos todos esta exigência profunda :

- De sair dos monólogos estéreis.

- De sanar as antigas fracturas que dividem a humanidade.

- De entrar em comunhão, superando todas as barreiras de cor, raça e ideologia.

O cristianismo transcende o tempo na medida em que ajuda a realizar esses valores, demolindo todos os obstáculos que os dividem, todas as absurdas separações que se criaram no decorrer da história.


A Igreja, tem esta promessa de Cristo :

- “O Espírito Santo...é que vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que Eu vos disse”.

- “Eu vo-lo disse agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis”.


É, portanto, um aviso ou recomendação, que nos dá uma profunda tranquilidade e uma plena confiança através das vicissitudes da nossa fé, ameaçada em todos os tempos, por todos os meios e a partir das mais variadas fontes de informação e deformação.

Seguros da presença do Espírito Santo na Igreja e nas suas almas, os cristãos podem, portanto, manter-se confiantes e alegres, por maiores que sejam as transformações por que passe a sociedade e por maiores que sejam as dificuldades que a Igreja conheça, na certeza de que hão-de fazer parte do plano da História da Salvação.



Diz o Catecismo da Igreja Católica sobre a Igreja Templo do Espírito Santo :

798. – O Espírito Santo é «o princípio de toda a acção vital e verdadeiramente salvífica em cada uma das diversas partes do Corpo»(Pio XII, encil.Mystici Corporis:DS 3808). Ele realiza, de múltiplas maneiras, a edificação de todo o Corpo na caridade : pela Palavra de Deus, «que tem o poder de construir o edifício» (Act,20,32); mediante o Baptismo, pelo qual forma o Corpo de Cristo; pelos sacramentos, que fazem crescer e curam os membros de Cristo; pela «graça dada aos Apóstolos que ocupa o primeiro lugar entre os seus dons»(LG 7); pelas virtudes que fazem agir segundo o bem; enfim, pelas múltiplas graças especiais (chamadas «carismas») que tornam os fiéis «aptos e disponíveis para assumir os diferentes cargos e ofícios proveitosos para a renovação e cada vez mais ampla edificação da Igreja»(LG 12; AA 13).


John Nascimento

Este texto apresenta grafia de Portugal.

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