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4º Domingo da Páscoa, C

Atualizado: 13 de mai. de 2019


A Liturgia da Palavra deste 4º Domingo da Páscoa - C, é essencialmente sobre a missão de Jesus, o Cordeiro de Deus que Se faz Pastor da Humanidade. Na verdade, da Pessoa de Cristo se identificam as imagens do cordeiro-servo de Javé, e do pastor-guia do Povo em Seu Êxodo religioso.


Na primeira imagem é expressa a proximidade connosco, pela qual o Filho de Deus quer assemelhar-Se em tudo a Seus irmãos, partilhar o seu destino até à morte, derramando o Seu Sangue inocente para nos resgatar.


Na outra, é expresso o amor misericordioso de Deus que Cristo nos deu a conhecer, vivo em Sua Pessoa, diversamente dos outros chefes religiosos e políticos do povo, que também se apresentavam como pastores em nome de Deus.


O Pastor supremo das nossas almas percorreu pessoalmente o itinerário que nos indica : a «grande tribulação» que tem como termo – dom gratuito de Deus – uma felicidade paradisíaca simbolizada nas «fontes das águas da vida».


A 1ª Leitura, dos Actos dos Apóstolos, diz-nos que, desde o princípio, os discípulos de Jesus compreenderam que o amor e os planos de salvação do «Bom Pastor» eram universais, abarcavam toda a humanidade.


Por isso S. Paulo, vendo na hostilidade dos Judeus uma indicação de Deus, volta-se, definitivamente, para os pagãos, no desejo de continuar a missão de Jesus, estabelecido por Deus luz das nações e Salvador de toda a Terra.


- «Era a vós, primeiro, que devia anunciar-se a Palavra de Deus. Uma vez, porém, que a repelis e vos julgais indignos da vida eterna, vamos voltar-nos para os pagãos». (1ª Leitura).

O Apóstolo estava, na verdade, convencido de que a Igreja tem de ser missionária. Tem de levar a todos os homens e a todos os povos sem distinção, a salvação alcançada por Jesus, como alimento para o seu Povo, como proclama o Salmo Responsorial :


- “Nós somos o Povo do Senhor; Ele é o nosso alimento”.

Na 2ª Leitura, do Apocalipse, o Apóstolo S. João vem-nos dizer que o cristão, unido pelo seu Baptismo a Cristo, Bom Pastor, participa já do triunfo do Ressuscitado.


O cristão, vivendo a fé recebida, trabalha pela construção de um mundo melhor, um mundo sem injustiças, sem desigualdades, sem divisões, e prolonga, no tempo presente, esse mesmo triunfo.


- «Estes são os que vieram da grande tribulação, os que lavaram as túnicas e as branquearam no Sangue do Cordeiro. Por isso estão diante do trono de Deus e prestam-Lhe culto, dia e noite, no Seu Santuário».(2ª Leitura).

Contudo o seu destino é mais glorioso, pois ultrapassa os horizontes do mundo. A vida do cristão, com efeito, é uma caminhada, sob a direcção do Bom Pastor, para as águas vivas da vida eterna, para o Céu.


Será aí que, finalmente, a grande família de Deus, composta de homens de todas as raça e culturas, se reunirá, para viver uma felicidade sem sombra, no gozo pleno do triunfo de Cristo Ressuscitado.


O Evangelho é de S. João e diz-nos que, aquele que pela fé aceitou a Palavra de Jesus e aderiu à Sua Pessoa, fica estreitamente unido a Ele. Na verdade, o Senhor Jesus estabelece com o Seu discípulo relações de profunda intimidade, caracterizadas por um mútuo conhecimento e uma amizade recíproca, que levam a uma comunhão de vida : Jesus comunica àquele que acredita n’Ele a Sua vida, a vida mesma de Deus, a via que não morre.


- « As Minhas ovelhas escutam a Minha voz; Eu conheço-as, e elas seguem-Me. Dou-lhes a vida eterna : jamais hão-de perecer, e ninguém as há-de arrebatar da Minha mão».(Evangelho).

Em virtude desta união com Cristo, o cristão sente-se já salvo em plenitude e, mesmo no meio das vicissitudes da vida, experimenta uma inabalável segurança, que tem o seu fundamento no próprio poder do Pai, de que Jesus participa, pois é um com Ele. O homem de hoje sente-se cada vez mais aviltado e desconhecido como homem, como pessoa e centro de interesse.

O que mais o humilha é o clima de anonimato, típico da nossa civilização, a sensação opressiva de massificação que o torna um número enfileirado numa série fria de outros números. E essa massa anónima tem a sensação nítida de estar ao arbítrio de forças obscuras mas poderosas, que a manipula com o fim de explorá-la e dela tirar vantagens, com objectivos egoístas de domínação e poder.


Para ficar de exemplo, pensemos unicamente na força da manipulação publicitária com que somos tropedeados a todo o momento e por todos os meios, para se obterem maiores lucros, ou na manipulação política da opinião pública em busca do poder. E agora podemos ainda juntar a epidemia das doenças incuráveis e contagiosas, bem como o terrorismo que não deixa ninguém viver em paz em parte nenhuma.


A figura de Cristo “Cordeiro-Pastor” revoluciona todas estas situações.


Como Pastor :


- Cristo instaura relações pessoais com cada um de nós, individualmente.


- Por seu amor, que atinge a nossa mais profunda identidade, não naufragamos no anonimato de um rebanho sem nome.


- Ele “conhece-nos”, nós “conhecemo-l’O, face a face, sentimo-l’O próximo de nós em todos os momentos da nossa vida, interessado com amor pela nossa aventura humana, não distante, frio ou indiferente.


E como “Cordeiro”, Cristo lembra-nos que a sua lógica :


- É a lógica da doação e não a da exploração.


- É a lógica do serviço e não do poder.


- É a lógica do sacrificar-se pelos outros e não o de sacrificar a Si os outros.


Neste contexto, Cristo o “Cordeiro-Pastor” é a figura viva e actual :


- Sentimo-nos envolvidos pelo seu cuidado contínuo.


- Não somos esmagados pela indiferença de um mundo hostil, por uma existência sem sentido porque sem qualquer ponto de referência.


Seguindo o Bom Pastor, vamos num caminho certo e dentro do plano da História da Salvação.



Diz o Catecismo da Igreja Católica :

763. – Pertence ao Filho realizar, na plenitude dos tempos, o plano de salvação de Seu Pai; tal é o motivo da sua «missão».«O Senhor Jesus deu início à sua Igreja, pregando a Boa Nova do Reino de Deus prometido desde há séculos nas Escrituras»(LG 5). Para cumprir a vontade do Pai, Cristo inaugurou na Terra o Reino dos Céus. A Igreja «é o Reino de Cristo já presente em mistério»(LG 3).

764. - «Este Reino manifesta-se nas palavras, nas obras e na presença de Cristo»(LG 5). Acolher a palavra de Jesus é «acolher o seu próprio Reino». O germe e começo do Reino é o «pequeno Rebanho» (Lc.12,32) daqueles que Jesus veio convocar em volta de Si e dos quais é pastor. Eles constituem a verdadeira família de Jesus. Àqueles que assim juntou à sua roda, ensinou uma nova «maneira de agir», mas também uma oração própria.


John Nascimento

Este texto apresenta grafia de Portugal.

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